Hajj - Peregrinação

Quando o mês de Ramadan chegou, em 632, Muhammad resolveu, ele mesmo, dirigir o cerimonial da peregrinação. Ele saiu de Medina em 20 de fevereiro de 632, em direção a Makkah, seguido por uma imensa multidão de fiéis, alguns a pé e outros montados em camelos, numa fila que se perdia no horizonte.

A última peregrinação de Muhammad é de uma importância fundamental para todos os muçulmanos. Tudo o que ele fez nessa ocasião histórica foi posteriormente incorporado ao ritual que é seguido até os dias atuais. O seu sermão também é um legado para toda a humanidade, uma vez que trata de questões éticas e morais que devem nortear o comportamento dos seres humanos, independente de raça, cor, credo.

Ele discursou para a multidão reunida e entre os vários pontos enfatizados estão os de que não se deve mentir, roubar, trair, cometer adultério, ingerir drogas, explorar quem quer que seja, isto é, os mesmos princípios morais trazidos por todos os mensageiros de Deus que o antecederam. Disse ainda a todos que a vida e a propriedade de todo muçulmano são responsabilidades sagradas; que não causassem dano a ninguém e que ninguém lhes causasse danos.

E que a partir daquele momento não deveria haver exploração econômica e nem a prática da usura e sim a cooperação entre todos. Também disse que as mulheres deveriam ser tratadas com bondade, pois Deus as tinha confiado a seus maridos; que os homens tinham certos direitos sobre elas, mas que elas também tinham certos direitos sobre os homens.

É uma via de duas mãos. Um complementa o outro, ao invés de serem adversários. Todo muçulmano é irmão de todos os muçulmanos. O orgulho da raça ou das origens era perverso e deveria ser abolido.

Ele também ensinou que toda a humanidade veio de Adão e Eva e que não há preferência de um árabe sobre um não árabe, ou de um não árabe sobre um árabe; de um negro sobre um branco ou de um branco sobre um negro. O melhor entre todos é o mais piedoso, o mais temente e o que é o melhor em caráter. Também disse que não viria outro apóstolo ou mensageiro depois dele e que havia deixado para os muçulmanos e para toda a humanidade, duas coisas, e que quem as seguisse jamais se desviaria: o Alcorão e a Sunnah.

Pediu a seus seguidores que levassem esta mensagem a todas as pessoas da terra. E assim eles o fizeram, percorrendo o mundo, principalmente como mercadores, professores, como pessoas que chegavam para partilhar sua experiência religiosa. E o Islam se espalhou pelo mundo, mais pela força do exemplo, da tolerância do que pela força da espada.

Cada detalhe do ritual foi indicado pelo Profeta, o ritual de atirar as pedras, o sacrifício de animais em Mina, as voltas em torno da Kaaba e a vestimenta especial do peregrino. Ao final de seu sermão, Muhammad disse aos presentes, "eu não disse a vocês o que fazer e que completei minha missão?" Todos responderam em voz alta "Sim, por Deus que você o fez". A seguir, ele levantou os olhos para o céu e disse "Deus, dou o meu testemunho".

Por fim, ele se despediu dos peregrinos e voltou para Medina. Nunca mais ele veria Meca de novo. Essa peregrinação de Muhammad passou para a história muçulmana como a Peregrinação da Despedida.